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guto agostini quando criança

Origem

Meu nome de batismo é Agostinho Luís Agostini (Guto veio só aos 15 anos) e nasci em Lajeado (RS), em 22 de agosto de 1963. Desde cedo me interesso por música, certamente uma herança de meus pais. Em família, recebi como influências as canções típicas dos descendentes alemães (pela família da mãe) e italianos (da do pai), por isso o não estranhamento com outras línguas, como, por exemplo, o inglês na música: The Beatles foram, logicamente, uma grande influência. E como as maiores manifestações culturais sul-rio-grandenses lá no finzinho da década de 1960 eram tradicionalistas muito conservadoras, não fazia nem ideia de que a música do RS pudesse ser representação de IDENTIDADE. Até porque o linguajar típico de determinadas regiões retratado nas letras pode ser entrave na compreensão (ou todo mundo sabe o que quer dizer flor de tuna, camoatin de mel campeiro?). No entanto, foi naquela época que conheci OS ALMÔNDEGAS...

Formação profissional

Concomitante à carreira de locutor, sou professor graduado pela Universidade de Caxias do Sul na área de Letras (Português, Literatura e Inglês) e mestre em Literatura e Cultura Regional (minha dissertação é intitulada O PAMPA NA CIDADE, e analisa teorias de imaginários sociais através de letras de músicas gaúchas). Iniciei no magistério em 1999, tendo lecionado em várias escolas e, em 2010, via concurso público, ingressei no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS).

Guto em sala de aula Guto em conversa com grupo estudantil
Guto tocando violão

O Músico

O pai era regente de corais; a mãe, cantora. A vontade de fazer música vem desde muito novo. Compus a primeira música “completa” aos 15 anos e aos 16 participei de meu primeiro festival (com uma banda que na formação tinha meu irmão, Marcelo, na bateria), em Venâncio Aires, cidade onde a família então morava. Foi uma composição autoral, pop com características da música jovem do início da década de 1980, e que embutia influências de Vento Negro – que vinha lá de longe na lembrança, dOS ALMÔNDEGAS.

Outra experiência marcante aconteceu no 1º MUSIVALE, festival de música pop e popular, ocorrido em Lajeado, em 1984. A música de minha autoria Luz de Primavera (outra com influências de Kleiton & Kledir) recebeu o prêmio de 2º lugar pelos jurados, mas foi a vencedora pela escolha do público. Isso foi determinante para que eu nunca mais parasse de compor. Veja como foi a apresentação

Guto em sala de aula Guto em conversa com grupo estudantil
Guto em apresentação Guto em apresentação

A partir daqueles meados dos 80, muito influenciado também pela cultura pop radiofônica que aparecia com força em todo o país, especialmente pelo indicativo de novos tempos assinalados pela volta de um governo civil à nação, voltei minha composição àquilo que se fazia então: músicas baseadas em riffs, guitarras roqueiras, muitas baladas românticas, letras de insatisfação social, de revolta e, principalmente, de perdas amorosas (a famosa dor-de-cotovelo…). Foram décadas de composições que até agradavam a alguns, mas que não expressavam de fato o que eu queria cantar. Além disso, já antes do fim da década de 90 os festivais de música popular desapareceram no Estado e a música autoral passou a ter um trânsito muito limitado. Formei algumas bandas e fiz parte de outras, mas foram projetos de pouca duração. Em 2006, junto com meu filho, Rafael, formei O Legado, banda que uniu – ao longo de 8 anos – o desejo de apresentar covers e versões autorais. Até que a MPG saiu da gaveta de vez e não mais parou. Da época dos covers rolou até uma participação num show do Dado Villa Lobos, do Legião Urbana. Veja a apresentação.

Música Popular Gaúcha

Na época em que ingressei no Rádio, presenciei (e vibrei com!) a verdadeira invasão que a MPG fazia. Depois de Almôndegas, nos 70; e de Kleiton e Kledir, na virada dos 70 pros 80, terem feito a linha-de-frente, eis que surgem Nei Lisboa, Bebeto Alves, Nelson Coelho de Castro e muitos outros. Alías, “MPG” é uma expressão exatamente daquela época, que mais designava um fenômeno e menos um estilo. Eu explico: o fenômeno era a invasão no rádio em meados dos 80, mas o estilo era “MPB feita no RS”. Eram poucos os compositores que retratavam a ambientação gaúcha em suas composições. Sabe aquela letra que dizia “Quando eu ando assim meio down, vou pra Porto (Alegre) e Bah, Trilegal!!!”? Pois é, letras assim eram raras. A grande maioria dos compositores parecia querer transferir-se de mala e cuia lá pra riba do país. O Humberto Gessinger já vinha constatando que estávamos “longe demais das capitais”…

Guto em contraste com a cuia de chimarrão e o violão
Guto mexendo em equipamentos de rádio

Antes do fim dos anos 80 o cenário mudou de novo. Os tais músicos da MPG voltaram a apequenar-se diante de uma nova invasão na mídia: a das duplas sertanejas. A pergunta que ficou: será que a MPG não seria mais longeva SE as composições de fato fossem voltadas ao universo de representações gaúchas? Vitor Ramil, por exemplo, a partir de seu livro-projeto A Estética do Frio mudou radicalmente sua forma de compor, voltando-se ao gaúcho way of life, e ostenta uma multidão de fãs que parece crescer a cada dia. Ao redigir minha dissertação, em 2005, já vinha me questionando sobre essa verdadeira lacuna que a cultura gaúcha apresentava. O público tradicionalista era o mais fartamente representado: uma nominata infindável de artistas cantando aos brados o conservadorismo da lida campeira. O nativismo também tinha sua turma de artistas, mas vale ressaltar que – de maneira geral – esse gênero também critica a cidade e as modernidades. Para eles, lugar bom é o campo, tempo perfeito é o passado. No lado pop rock, tinha-se Nenhum de Nós (que até tem um pézinho no RS com o acordeon do João Vicente), Cidadão Quem (ou Duca Leindecker solo), Papas da Língua e Humberto Gessinger.

Guto tocando violão

O Cantautor

Com os estudos do mestrado pulsando e a dissolução dO Legado, comecei a arriscar algumas composições cujo gênero lembrava os típicos gaúchos e as letras abordavam temas universais, ditos de forma um tanto agauchada. Os Almôndegas, os irmãos Kleiton, Kledir e Vitor… tava tudo ali, fervilhando, pronto pra ser jogado pra fora. E desse jeito que então me entendi como o cara que gosta de cantar suas próprias músicas, ou seja, o cantautor. Elaborar a letra e submetê-la ao gauchês de um jeito bem urbano (afinal nasci e me criei no asfalto e concreto). E daí surge o primeiro disco e os posteriores. Mas pra isso tem outra aba...